As notícias que têm sido publicadas na mídia a respeito da empresa multinacional taiuanesa Foxconn certamente nos chama a atenção e nos faz refletir em alguns aspectos.
Segundo noticiários, a maior empresa chinesa fabricante de aparelhos como o iPad e o iPhone foi surpreendida nas últimas semanas com o suicídio de alguns funcionários, e anunciou que deixará de pagar compensações aos familiares de trabalhadores que se matarem. Isso porque segundo a empresa, os funcionários cometeram o suicídio para que suas famílias recebessem uma indenização.
A empresa justifica dizendo que a maioria dos familiares de empregados que se suicidaram receberia, uma indenização de 100 mil iuenes (cerca de US$ 14,6 mil) e os suicidas eram quase todos jovens recém chegados à firma que provinham de zonas rurais e pobres da China, alguns deles com problemas emocionais como desilusões amorosas ou tristeza por ter deixado sua localidade natal.
Em outras reportagens, entretanto, tem-se apontado que os suicídios dos funcionários ocorreram na mesma época em que protótipos do iPhone teriam vazado da empresa, o que poderia cooperar para o contrabando de produtos falsificados. Nesse sentido, tem-se discutido uma possível relação entre o suicídio dos funcionários e o mercado das falsificações na China. Concomitantemente, outras notícias revelam que os mesmos funcionários eram submetidos a uma carga de trabalho exasperante e salários irrisórios. Segundo um repórter do Suthen Weekly os empregados da empresa chegam a trabalhar 12 hs por dia, praticamente sem períodos se descanso, com um salário na casa dos US$ 130 (cerca de R$240).
Talvez não se chegue a uma conclusão precisa quanto a real causa que levou estes funcionários a tirarem suas vidas. Mas de qualquer forma o fato nos faz pensar em como tem sido a postura das empresas com seus funcionários em tempos de capitalismo e à que situações as pessoas acabam se submetendo em nome de terem um trabalho.
Seja qual for a causa das mortes, o que se nota é que a empresa tem se implicado muito pouco no processo de esclarecimento das mortes, usando diversas justificativas para não assumirem responsabilidades e encargos com seus funcionários, não se implicando nos cuidados com a saúde do trabalhador. Não se questiona se a carga de trabalho é excessiva, se o funcionário está satisfeito com o trabalho, se a remuneração recebida é condizente com a tarefa executada, se existem problemas emocionais ocorrendo com o funcionário, não, nada disso. A justificativa que a empresa utiliza é de que o funcionário tirou sua vida para deixar dinheiro para sua família. Dessa forma se exime de qualquer responsabilidade que possa ter. Ou mesmo se pensarmos que as mortes podem estar relacionadas ao fato da tecnologia ter vazado da empresa através de algum funcionário, seria ainda mais escabroso.
Pensar que alguém é capaz de tirar sua própria vida em nome de que sua família receba indenizações é algo um tanto quanto peculiar de se imaginar. O suicídio implica um enorme sofrimento emocional, significa que o sujeito não consegue pensar em outra alternativa para sua vida senão em tirá-la, uma vez que está submetido à angústias e problemas diante das quais não consegue ver solução. Um indivíduo que se encontra com a saúde mental preservada não vê o suicídio como alternativa para uma situação, mesmo diante de circunstâncias de grande conflito.
Sendo assim, é importante nos questionarmos sobre o lugar que temos ocupado em nossos trabalhos atualmente e se não estamos nos submetendo à condições que nos lembram velhas situações de escravidão, ou mesmo nos submetendo à posições que podem desencadear processos psicopatológicos e grande sofrimento e que coloquem em risco nossa integridade física. Precisamos ter em mente que o trabalho deve ser fonte de prazer, satisfação e crescimento pessoal. Por isso, cabe fazer uma pausa, nos questionar como tem sido o trabalho na vida de cada um de nós e se talvez não seja hora de mudar.
Valdeli e Ana Angélica
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Aninha!!
ResponderExcluirLegal o teu blog!
Pequeno comentário: acho que tb vale a pena pelo menos questionar-se com relação ao nosso nivel de consumo atual e qual é a procedencia dos mesmos... Escutamos muitas histórias como esta por aí, e sim, de alguma maneira somos culpados!!!
Deixo aqui a reflexão, acredito que sim podemos fazer mais! (consumir menos ou de maneira diferente por exemplo)
Bjo enorme!!
Greta