Desde a antiguidade, até os dias atuais, a busca pelo sentido da vida atravessa nossos pensamentos. Inúmeros filósofos, pensadores e religiosos vêm tentando responder essa questão, e como conseqüência diferentes correntes filosóficas e ideológicas foram construídas a partir das respostas encontradas.
Na nossa prática clínica, freqüentemente nos deparamos com esse questionamento. Afinal, qual o sentido da vida?
A dificuldade em responder a essa questão está assentada em um engano que cometemos, e o engano está em acreditarmos que existe uma única resposta a essa questão, de aplicabilidade universal.
O fato é que a resposta a essa questão não é dada “de fora pra dentro”, não pode ser dada pelo Outro, seja ele quem for, mas é uma resposta que é construída dentro de cada um de nós, a partir da singularidade de cada um.
O sentido da vida é sempre individual, ou seja, não há um sentido genérico, mas somente o sentido que a minha vida tem. Sendo assim, a pergunta que é possível de ser respondida é: “qual o sentido da minha vida?”
Para encontrar essa resposta é preciso que voltemos o nosso olhar para dentro, e que façamos reflexões apoiadas na análise de quem somos, do que desejamos, de quais são os nossos valores, quais as expectativas que temos, em que momento de vida nos encontramos e onde queremos chegar. O que dá sentido à minha vida, certamente não é o que dá sentido à vida do meu vizinho, do meu colega de trabalho, que certamente é uma pessoa diferente de mim, com experiências de vida diferentes e desejos diferentes. Assim também, o sentido da vida de um adolescente não é o mesmo que o de um homem aos 50 anos, nem tampouco o sentido da vida de uma mulher aos 30 anos que mora em uma pequena cidade do interior é o mesmo de uma mulher na mesma idade que mora em um grande centro urbano. A idade, a cultura, as possibilidades que cada um tem na sua vida vão interferir na construção dessa resposta.
Alguns podem argumentar que para determinados grupos, sejam religiosos ou ideológicos, é possível a constituição de um sentido de vida comum. Não é verdade, ainda que em alguns momentos a exteriorização de um determinado modo de ser possa nos levar a entender que isso seja possível. Na verdade, o que acontece nesses grupos é que as pessoas podem ter ideais em comum, e isso é diferente de ter um sentido de vida em comum. Os ideais que temos colaboram na construção do sentido da vida, mas são construtos diferentes. Ideal de vida é o que aspiramos, e sentido de vida é o entendimento que temos sobre a nossa existência, é a interpretação que damos para o que sentimos e vivemos. Podemos ter aspirações em comum, mas os significados que atribuímos a essas aspirações diz respeito à individualidade do nosso existir.
É importante que saibamos também que aquilo que dá sentido à nossa vida hoje, pode não dar amanhã, porque somos seres em constante processo de transformação e desenvolvimento pessoal e na medida em que mudamos, mudam nossos ideais e desejos.
Então, quando nos depararmos com essa pergunta, olhemos para dentro de nós mesmos, porque somente o olhar interno, e os novos olhares que temos sobre nós é que nos permitirão o encontro e a construção de significados para o nosso sentido de ser... e de existir!
quinta-feira, 21 de outubro de 2010
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